MIRA



                       






Mira 15 x 15 x 20 cm
Mira 40 x 40 x 20 cm  

Mira 30 x 30 x 20 cm





Mira, aço inox e alumínio, 2013-14 











Mira 20 x 20 x 60 cm



Mira são construções vazadas, paradoxalmente, que ampliam perspectivas perceptivas. Não só revelam o vazio como aumentam o horizonte que permite contemplar o outro, a alteridade do outro lado, através dos vãos criados, o que inclui nosso reflexo no metal: dois espelhos reduplicam-se um ao outro junto aos múltiplos visores, tubos de imagens. (O que não deixa de ter uma certa vinculação, exceto pelas dimensões diferentes, com Tapume, em sua parecida situação de enxergar através certa alteridade próxima, até identitária).

Os cilindros finíssimos e de várias espessuras de Mira, assim como a estrutura onde se encaixam em bateria, como um tipo de órgão de tubos dissimiles, faz dessa obra um tipo de artefato híbrido e enigmático em que a operação do ver abriga mais do que um ponto de mira, situação muito marcada no visor da câmara fotográfica ou em armas de fogo. E essa mesma polivalência do olhar constitui uma definição ética, politeísta.

Mira convida, desde o título, a um exercício, um mergulho na imagem que somos, por ativ
a e passiva condição. E num espaço reduzido, atomizado, ironicamente desenhado para não chegar a um só destino visual. Como instrumento rarefeito, enigmático vale em sua potência objetual, até de presença estranha, sendo também autorreflexivo e desconstrutor.


Adolfo Montejo Navas, crítico e curador, em texto Ações fronteiriças de ver em Mira,  2019