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Sua obra, formada basicamente por esculturas, objetos e intervenções espaciais, não se funda apenas na criação de um vocabulário pessoal, mas nas discussões que desencadeia e nas relações que estabelece com o seu entorno e com a tradição a que pertence. Entretanto, ao contrário da ideia da escultura como objeto fundante de um espaço e experiências definidas, trata-se de uma obra que procura o transitório, registrando a luz e os movimentos, operando com deslocamentos físicos, de percepção e de sentido, e que se recusa ao conforto de um lugar estável, conhecido. Certos trabalhos privilegiam uma visibilidade rarefeita, enquanto que, em outra série imediatamente subsequente, a artista exacerba a presença dos corpos pela sua materialidade e calor. Joga com a ambiguidade e o paradoxo, assim como, por vezes, recorre a um humor sutil e surpreendente.  Desafia as narrativas lineares e as interpretações simples para reivindicar um estatuto específico a cada grupo de trabalhos, determinado pelas estratégias conceituais, formais e materiais que orientam cada projeto e engendram a sua inscrição política, precisa e única. O resultado é uma obra singular, com caráter programático e determinação, que se constitui num dos corpos de trabalhos mais articulados e representativos das possibilidades e do lugar da escultura no Brasil hoje.


Ivo Mesquita, crítico e curador, em texto publicado em livro Noutro Lugar, 2005





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